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7 de nov. de 2013

Da migalha ao banquete

Olá amados que acompanham o QLA... Paz a todos! E vamos ao post...!

"Jesus, porém, disse: Não é bom pegar no pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos. E a mulher respondeu: Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores.” (Mateus 15:26-27).

Qual a sua impressão acerca da personalidade de Jesus?  É possível imaginar Jesus Cristo como alguém insensível, capaz de ignorar e humilhar uma pessoa necessitada? Sabe, se eu tivesse que descrever Jesus utilizando apenas uma palavra, de certo que usaria a mais óbvia de todas, “Amor”, sim, pensar em Cristo é sinônimo de refletir sobre o amor, sobre carinho, atenção, bondade e outras características similares. Encanta-nos observar o modo atento e devoto com o qual
Ele trata as causas de pessoas que aos olhos de muitos são simplesmente insignificantes, Jesus nos parece ser uma pessoa incapaz de ser arredia ou grosseira até mesmo com uma mosca que pousa sobre uma flor, até imagino o Mestre pedindo, “com licença, Sra. Mosca, a Sra. poderia fazer a gentileza de se retirar da minha flor?”.

Todavia, há uma história na Bíblia que parece ser uma exceção a essa regra, um relato que nos intriga e confunde por conta da estranha conduta adotada por Jesus perante uma pobre e necessitada mulher. O evento está descrito no capítulo 15 do Evangelho de Mateus, Jesus e seus discípulos passeavam pelas cercanias de Tiro e Sidom, na região da antiga Fenícia, quando foram interpelados por uma mulher cananeia que, desesperadamente, clamava por misericórdia em prol de sua filha, que estava miseravelmente atormentada, porém, ao contrário do amor que comumente demonstrava, Jesus apenas ignorou o chamado, ou, como relata o versículo 23, “não lhe respondeu palavra”.  Cuidando, provavelmente, que sua voz era abafada pela multidão, a mulher insistia e gritava por atenção, entretanto, Jesus, demonstrando aparente insensibilidade, adverte dizendo, “eu não foi enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel”. Para uma mulher grega (siro-fenícia de nação, conforme Marcos 7:26) a resposta de Jesus era um verdadeiro balde de água fria, afinal, embora fosse uma necessitada, não era de Israel.

Porém, aquela mulher perseverou, seu orgulho era muito menor do que sua necessidade, então ela se prostra e clama por socorro, todavia, Jesus desfere o golpe de misericórdia e responde, “Não é lícito tirar o pão da mesa dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos”. Confesso, eu nem mesmo teria ficado para ouvir a terceira resposta, no segundo “não” já teria tomado ciência da minha indignidade e buscado outro recurso! O que é mais difícil de entender é o porquê de tamanha falta de cortesia e sensibilidade de Jesus, por que Ele ignorou a difícil situação daquela mulher? Por que não se importara com sua dor? Por que razão comparou o pedido de uma pobre mulher a um cachorro clamando por migalhas?

Quantas vezes você já se sentiu ignorado pelos céus? Parece familiar levar um pedido a Cristo e sentir que Ele “não lhe respondeu palavra”? Há quanto tempo você tem orado por uma causa específica e nenhuma resposta ou resultado é avistado? Não raras vezes nos desestimulamos em buscar a Deus porque depositamos expectativa de resposta e resultado nas orações segundo nossos próprios planos, esperamos a resposta imediata nos termos em que requeremos, porém, muitas vezes sem avisar, Jesus decide diferente do que pensávamos, assim, nos sentimos humilhados e ignorados.

Uma coisa é certa, Deus escolhe os meios e os fins, trata conforme Seu maravilhoso plano e Sua pré-ciência, não nos permite passar por provas além daquilo que possamos suportar. Antes de aparentemente destratar a pobre cananeia, Jesus já sabia qual seria sua reação, por isso agiu de modo que aquela mulher se sentisse cada vez mais impelida a buscá-lo, tanto é que no fim do diálogo aquela mulher já estava agarrada aos Seus pés. Sabendo que uma vida de oração fortalece a alma humana, Jesus em diversas situações age de modo que não entendemos, fazendo com que perseveremos em buscá-lo e aprendamos a nos sujeitar à Sua vontade, mesmo sem entendê-la.

Embora necessitada, aquela mulher por três vezes se deparou com um “não”. Na primeira investida Jesus não lhe respondeu palavra; na segunda, Cristo afirmou que não veio senão às ovelhas de Israel; na terceira vez Jesus, simplesmente, afirmou que não era correto tirar da mesa da família e entregar aos cachorrinhos. Como você reage ao ouvir um “não” da parte de Deus? É comum ouvirmos pregações enfatizando o fato de sermos “filhos do Rei”, de modo que tudo o que pedirmos nos será concedido, contudo, é necessário frisar que o fato de o Rei dos reis ser o nosso Pai dá a Ele a autoridade para nos dizer “não”! Uma resposta negativa de um pai também é uma prova de amor, sendo certo que Ele (e só Ele) sabe o que é melhor para seus filhos, Suas bênçãos visam sempre o que precisamos e não o que simplesmente queremos.

Aquela pobre mulher reagiu da melhor forma, diante do “não”, iniciou sua resposta com um “Sim, Senhor…”. O “sim” diante do “não” representa sujeição e obediência, ela aceitou a vontade divina mesmo sem entendê-la, foi o reconhecimento de que o plano de Deus é soberano e desejável mesmo que não seja o nosso!

Na continuação do diálogo a mulher demonstrou ter alcançado o ápice da revelação do projeto divino para o homem, persistiu em busca da solução do seu problema e afirmou que “também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores”.
Aquela afirmação maravilhou a Jesus, a mulher entendeu que Deus é capaz de resolver todos os nossos problemas, operar curas, abrir portas de emprego, dar uma vida financeira saudável, cuidar dos nossos relacionamentos, derrubar muralhas e romper barreiras intransponíveis, porém, todas essas dádivas são verdadeiras MIGALHAS, isso mesmo, pequenos pedaços, porções mínimas que caem do céu em forma de bênçãos, pois lá há um grande banquete, uma mesa posta com toda sorte de presentes inimagináveis pelo coração e mente humanos!

Quando ficou claro para Jesus que a mulher entendeu Seu maravilhoso projeto, Ele, uma vez mais, quebrou o protocolo e agiu diferentemente do que normalmente fazia. Em diversas passagens Jesus nos ensina a priorizar a vontade de Deus em detrimento da humana, o Mestre ensinou os discípulos a orarem dizendo, “seja feita a Tua vontade” (Mateus 6:10), até mesmo Ele orou dessa forma, dizendo ao Pai, “que não seja feita a minha vontade, mas a tua” (Mateus 26:39), porém naquele dia Cristo olhou para uma pobre e necessitada mulher estrangeira e disse, “grande é a tua fé, seja feita conforme a tua vontade”. Apesar de parecer estranha e contraditória a fala de Jesus, o que ficou claro é que no coração da mulher havia um enorme desejo de receber uma bênção, e no coração de Deus repousava uma vontade imensa de abençoá-la, portanto, as vontades convergiram, de modo que pareceu fácil a Jesus determinar que fosse feita a vontade da mulher, pois ela havia alcançado um coração semelhante ao de Deus!

Entender o projeto de Deus é sinônimo de compreender que tudo de melhor que o homem receba nesse mundo não passa de MIGALHAS, fragmentos mínimos do verdadeiro banquete que está num plano exclusivamente espiritual, aguardando tão somente você decidir passar toda a eternidade se alimentando do melhor que Deus tem para oferecer. Agora, se você quiser detalhes sobre o que contém nessa farta mesa, sinto desapontá-lo, apenas poderei repetir o que disse o apóstolo Paulo em I Coríntios 2:9 e afirmar que “as coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam”, portanto a escolha é sua, aceite o convite para um jantar especial ao lado de um soberano e amoroso Deus, ou continue se contentando apenas com migalhas.

 Na rocha mais alta do que eu, Danilo Dias

Texto: Saulo Daniel Lopes

Site de origem: jesuscopy.com

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